terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Falta-me algo...

Sinto a tua falta, sinto a falta de um olá que fazia-me sorrir. Aquele anjo que me fazia sorrir perante as adversidades, agora mais que nunca vejo que me falta algo, algo que outrora diria que era insignificante. Hoje digo que é essência para viver. Não peço perdão porque perdão não se pede evita-se, talvez nunca devia ter dito nada. Porque parece quando mais falamos, menos queremos falar. Algo se apodera de nós e nos deixa inconscientes, falta-me algo... falta-me algo...algo que um dia chamei de amiga, agora sinto ausência pois fiz com que se ausentasse espero que volte depressa, pois agora vejo como ela é importante, pois a vida sem amigos é como uma vida sem esperança!

Espero que me perdoes, por ter dito e feito o que jamais devia ter feito... Perdoa-me por um dia ter sido infantil, por um dia ter feito parecer que a nossa amizade era insignificante...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Corro sem parar


Sei que não tenho jeito, nem encanto para te despertar atenção. Sou mais um que espera que por detrás desta imensidão se faça luz. Que um dia possamos caminhar juntos, sem desconfianças ou medos. Talvez um dia isto não seja apenas palavras, mas actos consumados e uma realidade que agora parece distante. Parece uma miragem ao fundo do túnel, parece estou enfraquecendo a medida que entro neste túnel. Não vejo a luz do dia, sussurra-me ao ouvido o silêncio desta noite.
Faz-me parecer pequeno com tamanha grandiosidade, tento resistir esta negrume solidão que se apodera de mim, sem eu dar conta. Instala-se de mansinho como se sobrevive-se da minha tristeza para viver. Corro até os meus pés sangrarem, corro até a minha respiração parecer tão ofegante que não consiga mais respirar, corro até que o meu coração palpite tanto que se esqueça de se lembrar, corro até o meu pensamento ficar cansado para dormir a seguir. Parece uma luta incessante, em busca de algo que perdi pelo caminho errante. Onde errei? Onde me perdi? Será que vou ter respostas que tanto anseio saber. Talvez nunca vá saber, se calhar quando souber será a minha morte, pois encontrei a razão da minha existência e poderei morrer feliz.
Não me canso de lembrar das pessoas que agora não estão presentes, não canso de pensar em amigos especiais que partiram mas jamais partiram do meu coração, do meu pensamento. Um desabafo? Uma despedida? Não sei uma reflexão de uma vida errante, uma vida sem rumo, que trato por tu, pois já perdi a vergonha a muito tempo, deixando de a tratar por você. Fico a meio caminho do nada, a meio caminho do tudo. Paro e penso corri, corro, mas algum dia me cansei de correr atrás de ti? De você? Da felicidade? Do amor? Nunca, mesmo que fique no meio deste túnel, mesmo que não veja a luz do dia, por isso hoje vou correr outra vez, esperando um dia descansar desta corrida incessante a qual dei o nome de vida, nome minha vida!

sábado, 22 de dezembro de 2007

Livro em branco(para todos os lusos poetas)


Dizem que cresci, deixei de ser um miúdo para ser um homem. Já me aguento sozinho sem ajuda de ninguém. Até há quem diga que tenha picos de genialidade, nada de mais errado. Não quem dizem ser, não passa de palavras mágicas de ilusões, feitas através de palavras que escondem sentimentos.
Sou um mero errante das palavras, que mesmo sem saber um dia me cruzei numa esquina, numa tabuleta onde dizia entra. Alguém me disse entra, não tenha medo aqui vai se sentir em casa, aqui vai se descobrir, descobrir o poder das palavras. O mistério que se esconde por detrás delas. Folheei todos os livros, todos de autores desconhecidos, encantei-me devorei todos, até chegar ao último e perguntar não há mais?

O silêncio imperou e a voz ao fundo respondeu outra vez:
-Falta o teu!
- Mas eu não sei escrever, não sei o que é escrever, junto palavras, que formam textos e algumas pessoas dizem que é fica bonito!
-Eu era como tu, quando era novo, escrevia sem parar, filosofias, angústias, revoltas que atormentavam o meu pensamento! Para veres, até acordava durante a noite para escrever... Depois aprendia poesia, foi amor a primeira vista, ela me adorou e eu a ela. Fazíamos tudo juntos, parecia que éramos um par de namorados loucos de amor. No fim descobri que também não sabia escrever, mas sabes o que ela me disse?
-Não, diz por favor...
-Não faz mal meu amor, podes até nem saber ler, podes escrever mal, mas desde que escrevas com sentimento e aos poucos indo corrigindo os teus erros... no final serás idolatrado, não por escreveres para a elite, mas sim por escreveres para aqueles que ouvem o coração....
-Mesmo assim...tenho medo de errar, de as tratar as mal, de não conseguir ser bom com elas. Tenho medo de as magoar. Fazendo mais mal que bem...
-Ai está, tu mostras ter sentimentos, primeiro vais ter de cair, aprende as tratar com carinho, aos poucos elas vão se tornar confidentes de ti...
-Porque é que não tens aqui ninguém conhecido?
-O que é ser conhecido para ti?
-Aqueles autores famosos e conhecidos por todos, além fronteiras...
-Meu caro amigo, aqui se vais para ser famoso esquece, aqui só a gente desconhecida, gente que mal ou bem tenta tratar por tu as palavras. Alguns fazem magia com estas, outros transportam-nos para o mundo dos sonhos. Outros mostram o que é amor, aqui poderás não encontrar fama, mas encontras tudo o resto que nesse mundo nunca encontrarás...
-Como poderei dizer ao mundo, onde encontrar este canto?
-Basta que digas, que sigam as palavras, os sentimentos, vão encontrar de certeza, espero pelo teu livro, aquele em branco que nunca escreveste, que anseio ler, devorando todas as palavras, pois sei que és capaz...
-Obrigado por me teres dado o teu ombro, por teres tido orgulho em mim, de confiares um pouco e dizeres quem és mesmo não dizendo o teu nome. Agora sei quem és, apesar de continuar a ser um mero mortal, um mero amador, quem nem poeta, nem o escritor o é, vive agora com o coração cheio de amor, por um dia te ter conhecido.
-Não digas isso, eu sou um mero também, abraço-te de braços abertos, recebo o teu carinho e retribuindo igualmente com toda a força, agora que vais não te esqueças, és um amador, quem sabe nunca serás famoso, mas um amador cheio de amor e sentimento.
Parti com alegria e espanto, nunca tinha visto tanta alegria e amor, em palavras, não eram meras palavras mas sim actos, sentimentos bem reais, para não imaginar que estava a sonhar. Quando sai , olhei para a tabuleta e vi aqui é o cantinho do lusos poetas, embora não haja famosos há muitos com vontade e que amam de verdade a escrita. Foi assim que espalhei ao mundo este cantinho onde realizei um sonho, o de escrever o meu livro em branco.
( se quiserem visitar este cantinho, deixo aqui o link: http://www.luso-poemas.net/)

domingo, 9 de dezembro de 2007

O poder das palavras...

Algo me silencia, este silêncio perturbador, este algo que ficou por dizer... Parece uma repetição, incógnita, do que um dia foi escrito, falado, comentado, revisto. Agora não passa de uma memória, esquecida por entre livros, entre o pó e as cinzas do esquecimento. Um dia tive tudo, tudo que um ser humano pode desejar... Tinha felicidade, amor, uma família, sucesso, reconhecimento, riqueza e paz de espírito.
Não tenho nada agora, sou um zé-ninguém, todos passam por mim, mas ninguém reconhece, por um erro que cometi fui esquecido para todo sempre! Quem não comete erros, uns são perdoáveis, outros não. Fiz o que se devia ter feito, expressei-me livremente, ingénuo era, pois pensava que vivia num país livre de opiniões sem preconceitos ou restrições a liberdade.
Fizeram tudo para calarem-me, como se de uma epidemia se tratasse, tinham de conter antes que se alargasse e tornasse proporções inimagináveis. É assim, por uma simples frase se atinge o céu ou inferno, tudo muda num segundo.
Tudo aconteceu por ter manifestado a minha opinião crítica sobre uma política que não achava mais correcta, era eu um jovem director de um jornal. Tinha inteligência, carácter e personalidade forte, grandes ambições e todos consideravam que o sucesso estaria aos meus pés, mas como todos os jovens era revoltado e lutava contra as injustiças. Essa mesma característica levou-me ao sucesso e ruína, pois quando comecei um jovem licenciado a procura de algo que despontasse para uma carreira feita de grandes feitos. Consegui uma entrevista com um dos grandes opositores, ao governo, fez páginas e páginas, sorte a minha que passados poucos dias o governo era derrubado, entrava em cena, o político que uns dias antes tinha entrevistado. Parecia uma nova era a renascer, tudo parecia uma novidade. Era do consumo apareceu cheio de força, tudo era novo, cheirava a novo, casei-me com a mulher que conheci nos meus tempos de universidade. Vivia os momentos mais felizes da minha vida, passados cinco anos nasceu o meu filho, fui nomeado director, não poderia desejar mais nada. O pior aconteceu depois dois anos, o governo agora parecia que tinha politicas que mais pareciam de uma ditadura do que uma democracia. Fui avisado várias vezes para me silenciar, mas nunca ligava cada vez era mais revoltado. Até que um dia, quando ia para casa fui interceptado por uns homens, levaram para uns calabouços. Ai fiquei vários dias a ser torturado.
Num dia acordaram-me a meio da noite e fui levado para outro lado, parecia uma velha casa abandonada. Deixaram-me num quarto vazio, onde havia ao fundo desse quarto, uma torneira sempre a pingar, dia e noite parecia a maior tortura. Cada vez mais dolorosas as torturas, não eram físicas mas psicológicas. Passaram dois anos assim, até que sem me aperceber parecia que uma luz entrava no quarto. Era uma nova esperança, consegui fugir, voltar para onde um dia fui alguém. Quando cheguei lá tudo tinha mudado, já ninguém era o que tinha sido. Disseram a toda gente que tinha morrido, a notícia espalhou-se, a minha mulher recomeçou a vida, o meu próprio filho já chamava pai a outro homem. Que mais poderia fazer, para toda gente tinha morrido, se calhar morri mesmo, tão já não valia a pena viver, fui sobrevivendo com as esmolas que as pessoas me davam. Agora sou um farrapo do que fui, já nada mais importa, quero apenas a morte, pois esta vida deixou de importar.