sábado, 23 de junho de 2007
Nasci alma de mulher
Nasci numa alma mulher, dada ao gene de homem
Sou negra por fora, branca por dentro...
Detesto-me mais que os outros possam detestar
Todos me apontam o dedo, sequer me dão alento...
Revejo-me todos os dias no reflexo do espelho.
Comprimo as pálpebras na esperança
de apagar a imagem que vejo
e acordar no corpo que desejo
Querer me cortar, insiste a mágoa que então se mete
Minha renda é apoucada, me é sonho, quando der.
Tenho amores, pais, irmãos e ao todo somos sete
Não é a robustez do meu corpo que me oprime
a sensibilidade.
Não é a minha opção de vida que me condena
a felicidade.
É a sociedade!
Se desconjuga-me o teu olhar, que de longe mira,
saiba que sou mulher, magoada, mas verdadeira...
Triste fado
Não ser amada
Pelo corpo de homem que trago vestida
Vera Carvalho/ Bruno
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