sexta-feira, 27 de julho de 2007

Promessa...não cumprida!


Já aconteceu a tanto tempo, mas ainda parece ontem, algumas coisas já não me recordo bem, por isso desculpem se passar factos, ou o raciocino não for contínuo.

Lá fora está tudo molhado, parece uma inundação...por causa das lágrimas derramadas por imensas caras, olhos que já não têm força para aguentar um pouco! Farto disto, impotente vou me embora, para um dia voltar e poder mudar esta realidade...Parto com saudades, mas sei que um dia vão ser recompensadas, com um sorriso de uma criança...
Vou me embora, sem me despedir de ninguém, não gosto de despedidas...Ver as lágrimas que sangram pelos rostos abaixo, seria uma dor que deveras não poderia aguentar! Já basta ter de partir, da minha terra, onde não serei ninguém. Onde cada pedaço de terra pertence a um movimento. Movimento este que luta pelo poder, uma guerra injusta, para mim e para o povo. Onde não se pode dar um passo, com medo de se pisar uma mina, ficar ali estendido para o sempre.
Fugi dos meus pais, amigos, da minha nação para um dia voltar e melhorar esta nação... Chego ao que dizem ser a terra prometida, onde todos se podem enriquecer, ficando ricos de um dia para o outro. Mas quando chego só vejo pobreza e mais pobreza. Serei que sou cego? Pois não vejo nenhuma riqueza, só vejo suor, lágrimas, dor uma tristeza imensa. Vou dormir pois, tentarei ir ver a riqueza que dizem abundar por estas terras. Mas adormeço e oiço tiros, na minha cabeça, a guerra acompanha-me, pois parti donde podia ser o país mais rico do mundo. Concentrado apenas numas míseras pessoas!
Acordo meio ensonado, vou a procura de algo que possa sobreviver, não encontro nada, quando estava prestes a desmonorar, encontrei um trabalho nas obras... Falei com um empregado dizia que ganhava-se bem e não se trabalhava muito. Fiquei feliz, a primeira alegria desde a muito tempo. Mas quando comecei a trabalhar no dia seguinte, vi que não era um trabalho mas sim uma escravidão camuflada. Trabalhava 12/14 horas e mal dava para sobreviver, tinha de continuar, depois tinha de estudar a noite ainda por cima. Até quando iria aguentar? Já estava cá uma semana, resolvi enviar uma carta aos meus amigos e familiares a dizer onde estava, para não se preocuparem mais, pois estava vivo e de boa saúde. Menti ao dizer que estava feliz, a ganhar bem, pensava ao fim de poucos anos voltaria outra vez para junto deles. Tentei estudar, consegui acabar um curso, mas como era de cor era muito difícil arranjar emprego qualificado. Todos recusavam-me empregar, até que uma alma caridosa me empregou.... Ainda continuo nesse emprego já com um cargo elevado, até já me convidaram para ser ministro como as coisas mudam... Curioso será dizer que nunca mais voltei a minha terra, que tanto adorava, e tantos anos foi a minha razão de sobrevivência! Quando parecia perdido pensava nela, mas fui-me habituando a viver aqui, criei raízes, agora não quero voltar mais para lá. Perdoem-me por não ter cumprido a minha promessa...Mas sempre que me deito, lembro-me dos tiros, dos choros das crianças, que também foram os meus choros. Agora não passa, de uma recordação, peço perdão por ter ido e nunca mais ter voltado. Mas não consigo mais viver ai com tanta dor, tristeza...