sábado, 27 de junho de 2009

Gesto de Amizade

Pequeno pedaço de ti...


Atravessei um continente, um oceano… Onde cheguei tudo parecia mágico. Onde havia felicidade em cada esquina, onde o ar tornava-se numa lufada de amor. Quando retornei ao ponto de partida, só vi tristeza, ódio, pessoas revoltadas que não valorizavam as pequenas coisas da vida. Não valorizavam a bela terra que tinham. Achavam tudo o que havia no estrangeiro melhor, resumindo nada prestava. Estranhei este sentimento, de pessoas. Começava habituar a este distanciamento, esta frieza, crueldade destas pessoas. Andava a vaguear deambulando sem sentido ou destino. Ia onde os meus pés me levassem. Num ápice de um segundo, reparei numa mulher estava cruzando a multidão, até bati sem querer numa pessoa, de tão distraído que estava. Olhar dela, cativou-me logo, como sorria, como olhava. Um olhar sedutor e terno cheio de carinho para dar, por detrás de uma infelicidade de um momento, uma lágrima escorria pelo olho. Mas mesmo assim dava para ver como era bela. Fiz a mesma rotina vários dias, só para poder a ver, só para poder sentir um pouco mais feliz, sentir o perfume dela fazia-me sonhar acordado. Acabei por entrar na vida dela, dias mais tarde, a minha persistência versus resistência acabou por dar certo. A partir desse momento, vi que algo dentro de mim mudava não sabia explicar apenas sentia, não havia palavras. Apenas sentimento. Tornamos-nos inseparáveis, criamos laços fortes de amizade, cumplicidade trocamos apenas com olhares. As palavras eram desnecessárias, pois o silêncio preenchia todo.
Uns anos mais tarde voltei atravessar o oceano, o continente, foi necessário para descobrir algo que já sabia a muito tempo mas não tinha coragem de dizer a frente do espelho. Tinha-me apaixonado por essa bela mulher, por uma mulher indescritível, inesquecível, inigualável que alguma vez existiu ou existirá!
Comprei o primeiro bilhete de volta, para me entregar por completo a ela. Silenciar o silêncio dizendo as palavras que jamais ousei dizer algum dia. Retornei ao mesmo lugar onde a conheci, onde os meu coração bateu pela primeira vez. Mas para meu espanto e desilusão, não estava lá. Procurei por todo o lado, que poderia imaginar mas não a encontrei em algum lado. Espero um dia voltar a vê-la. Para o sol brilhar mais uma vez. Para desaparecer a tempestade que está minha volta. Quanto mais longe, mais distante estou mais perto me sinto dela, numa encruzilhada de sentimentos estou. Num abismo de torturas me encontro não sei sair dele. No dia de hoje faço uma última tentativa, regresso ao jardim onde te vi e me apaixonei por ti sem querer, sem pedir licença, nem autorização se instalou no meu coração. Sento-me no mesmo banco onde estavas, recomeço a recordar cada segundo, como se fosse agora. Estava um calor abrasador, corria apenas uma leve brisa o suficiente para levantar o teu cabelo, esvoaçando com o vento. A primeira vista era uma pessoa vulgar. Mas reparei como olhas ternamente para as crianças, estampavas um sorriso tridente. Não deixavas ninguém indiferente a tua passagem. O jardim era rodeado de árvores e rosas. A tua pele branca com o calor e naquele jardim parecias um autêntico anjo descido do céu. De tão pura e angelical que transmitias no teu olhar. Deixei lá este texto no banco de jardim. Quem sabe senão encontravas lá este pedido para nos reencontrarmos-nos outra vez, pelo menos só mais uma vez. De seguida fui a praia. Aquele que só tu sabias, por ser tão escondida, chamavas o teu recanto de sonhos que só tu sabias e um dia mostraste-me a mim e mais alguém o tinhas mostrado. Ficava por entre um vale, que jamais ousavam passar por ser tão denso e tão escuro, parecia daqueles que em pequenos nos contam para nos assustarem. Mas recompensava, uma água tão cristalina, reflectia a nossa imagem parecia um autêntico