quarta-feira, 18 de julho de 2007

Quarto escuro que tantas recordações me trazes...


Quarto escuro que tantas recordações me trazes...
Um grito abafado pelas paredes,
um gemido que entoava a alma, fazendo vibrar, um ódio crescendo dentro de mim estava a nascer. Quarto escuro que tantas recordações me trazes... Foi nesse mesmo quarto que perdi a inocência, deixei a minha pureza de lado...
Uns gemidos que levavam a minha alma, deixando para trás o nascimento de um ódio, que me consumiu, até as entranhas do meu ser. Desfigurando tudo em mim, deixando de saber quem era para me transformar num monstro. Porquê? Pergunto eu, tinha de ser assim. Haveria necessidade de saciares os teus desejos, em mim, uma pobre criança? Sou, o que sou devido a si!
Deveria ter orgulho em mim, pois só me tornei o que você foi para mim. Um monstro, que rasgava-me a roupa, para entrar dentro de mim, do meu corpo. Sentia nojo, mas não poderia fazer nada, era meu pai. Que tanto adorava, agora tanto odeio. Ninguém se apercebeu? Todos se silenciavam, num silêncio perturbador, que me arrepiava, todos viam, o que não queriam ver. Mas todos jamais ousavam, soltar uma palavra, com medo de represálias, de marcas nas costas. O que é isso? Comparada com marcas, que me deixou! E agora ainda vivo com elas. Passado tanto tempo, terei desculpa para tudo o que faço? Não, se calhar devia-me condenar a mim próprio, mas não consigo, deixei de saber o que era o bem e o mal. Há muito tempo, agora apenas tento saciar o meu desejo, que aquele quarto escuro que tantas recordações me deixou, despertou para outras... Confissões de um pedófilo, resumidas neste excerto...