domingo, 24 de janeiro de 2010

Uma mulher misteriosa

Saio deste quarto minúsculo, mais parece uma caixa de fósforos. De forma rectangular, minúsculo que nem dá para meter um armário. Estico os meus braços deitado na minha cama e quase que atinjo a parede do outro lado desta caixa. Parede esta, cheia de buracos, com um simples desenho para preencher este vazio do meu quarto. Tenho o privilégio de estar num quarto só para mim e de ter um espelho. A porta range sempre que se abre, já falei com a senhoria mas ela finge que não me ouve… ou então não me ouve mesmo, pois coitada já há muito passou o tempo da sua validade tem quase 90 anos, porém para gritar e coscuvilhar a vida alheia está sempre cheia de genica.
Saiu do quarto, pois já me esta a sufocar e fico mais deprimido quando estou lá, com isto, estou seguro que nunca mais terei claustrofobia, a única coisa boa deste quarto. Vou deambulando pela rua meio vazia… a noite veste-se de gala, aperalta-se toda, pois a lua está brilhante como nunca a vi, incandescente brilho que ofusca qualquer brilho por si já resplandecente, que caminhe neste “nosso” planeta de qual damos o nome de Terra. As estrelas parecem vivas, de tal maneira, que me parece um perfeito colar a lua. Ela não se faz rogada, brilha para não ficar atrás. Vou deambulando vendo os moribundos do costume, a beberem do mesmo vinho de sempre, a dizerem as mesmas graçolas e a revolta de sempre quase acabando em pancadaria. Outros que mal se aguentam, agarram-se aos postes de luz, para assim terem uma luz no seu pensamento e recordarem o caminho para casa. Continuo enjoado com este, fedor, este mal estar destas ruas. Viro na curva a direita, eis que me deparo com uma bela donzela. Uma raridade por estes lados, então vêem-se os homens a salivar como cães famintos, por um osso de extrema escassez para eles. Como se ela fosse um pedaço de carne, enfurecidos os olhos deles para ver quem apanha o primeiro o osso. Não consigo parar de olhar, não com olhar faminto. Mas um olhar de surpresa por esta mulher, de pele esbranquiçada, olhos pretos mais parecem duas azeitonas, os seus lábios carnudos vivos e cheios. O seu cabelo longo e liso ruivo, a sua altura é média, normal para uma rapariga, os seus cheios preenchem totalmente uma mão e talvez as duas. As suas pernas deliciam qualquer um. Veste-se com um vestido longo e preto, com um decote que faz desesperar qualquer um em forma de v. As costas a mostra, sapatos pretos, um colar cintilante de pérolas, um chapéu preto…